quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

ALGUMAS PALAVRAS SOBRE OS FUNDADORES

JEAN-CLAUDE COURVEILLE    

     Jean-Claude Courveille nasceu em 15 de março de 1787 em Usson, na Diocese de Le Puy – França.
     Com idade de dez anos, ele pegou varíola, que produziram as lesões da córnea. Tinha um grande desejo de estudar para se tornar um padre, mas sua visão ruim tornou isto impossível.
     Em 1809, em uma peregrinação à estátua milagrosa de Nossa Senhora em Le Puy, teve olhos banhados no óleo das lâmpadas votivas que cercavam o altar. Naquele momento recuperou a visão.
     A cada ano ele retornava, em agradecimento à Nossa Senhora de Le Puy, e assim, três anos depois, em 15 de agosto de 1812, que ouviu "não com os ouvidos do organismo, mas com as do coração", o chamado de Maria, que pediu a fundação de uma sociedade religiosa que iria dar o seu nome e cujos membros seriam chamados MARISTAS.

JEAN-CLAUDE COLIN

Jean-Claude Colin, que nasceu no dia 7 de agosto de 1790, era o oitavo filho de Jacques Colin e Marie Gonnet. Seus irmãos eram Claudine, Jean, Mariette, Sebastien, Jeanne-Marie, Pierre, Anne-Marie (que morreu ao nascer) e Joseph.  
A irmã mais velha, Claudine, foi à madrinha do Jean-Claude, e seu irmão, Jean, seu padrinho, assim o nome dado foi Jean-Claude. Seus pais eram donos de um pedaço de terra que cultivavam, e durante o inverno se ocupavam tecendo. O lar no qual Jena-Claude nasceu era um lugar seguro e carinhoso como todos os lares comuns de Les Barbery onde moravam, levando em conta que eram os tempos perturbados pela Revolução Francesa.  
A Revolução e a Constituição Civil do Clero levaram a uma ruptura na Igreja, separando os padres que apoiavam a Constituição daqueles que permaneceram fiéis a Roma. Uma ordem de prisão foi promulgada para Jacques Colin que tinha abertamente apoiado o pároco, Pe. Cabuchet. Jacques tinha que se esconder por um ano; a casa dele foi confiscada e todos os seus bens vendidos. Ele e sua esposa sofreram ao longo deste tempo, e em 1795 Marie Colin faleceu aos 37 anos de idade. Jacques Colin faleceu quase três semanas mais tarde, deixando os filhos órfãos.
Jean-Claude foi acolhido pelo tio paterno, Sebastien, que morava em Saint-Bonnet-le-Troncy. Sebastien era solteiro e conseguiu uma empregada, Marie Echallier, para cuidar dos filhos Colin. Esta mulher era profundamente religiosa, mas uma para quem a religião e a culpa andavam de mãos dadas.
Nestes anos Jean-Claude se tornou escrupuloso, algo que incomodou muito, mas que mais tarde na vida o tornou sensível e misericordioso em relação a pessoas que carregavam um fardo. Suas experiências na infância o deixaram com um anseio intenso de uma vida de solidão e um desejo de servir a Deus intensamente. Não conseguindo ver como fazer isso enquanto preso no mundo, decidiu satisfazer seu desejo pela solidão no estudo para o sacerdócio.
Foi no seminário maior de Saint-Irénée em Lyon que conheceu Courveille e o projeto Marista. A vida de Jena-Claude Colin é história de um homem tocado por Deus de uma maneira impressionante; um homem cujo temperamento e personalidade, transformados pela graça, o levaram a encontrar uma resposta particularmente efetiva às necessidades espirituais profundas do seu tempo.

Extraido do livro Um certo caminho de Craig Larkin, sm – Tradução: Grace Ellul, sm

MARCELINO CHAMPAGNAT

     Marcelino Champagnat nasceu no dia 20 de maio de 1789, época em que se iniciava a Revolução Francesa,  na aldeia de Marlhes, localidade onde predominava o analfabetismo.
     Ele foi o primeiro do grupo fundador que conseguiu formar um grupo Marista, e sua companhia de Irmãos Maristas se tornou o ramo que cresceu mais rapidamente, o ramo mais numeroso do projeto Marista. Isto por si explica muito sobre esta pessoa tão amável que fez tanto para o projeto durante sua vida curta.
     Do início até o fim, Marcelino era uma pessoa muita prática, e tudo na vida dele reflete isto: a maneira que entendeu as idéias partilhadas no seminário, o jeito que respondia às necessidades, a maneira que formava seus Irmãos.
     Muito disto se explica pelo ambiente no qual cresceu. Sua mãe era mulher de fé robusta e forte, que mais que uma vez acompanhou Marcelino a pé para o santuário de S. Francisco Régis em La Louvesc, quando dificuldades ameaçaram seus estudos no seminário. O pai de Marcelino era agricultor, que sabia ocupar-se de muitos outros trabalhos também. Marcelino era filho da Revolução em muitos sentidos.
     Nasceu no ano da Revolução, no dia 20 de maio de 1789. Além disso, seu pai acolheu a Revolução e desde o início aceitou seus princípios como maneira de ajudar o povo. “Nossos direitos eram desconhecidos, acabamos de descobri-los”, ele disse ao Coronel da Guarda Nacional. “A nova Constituição está escrita, agora devemos dar nosso apoio”. Como oficial nos governos revolucionários, tinha que presidir os ritos seculares prescritos pela Revolução. Mas ao mesmo tempo, a mãe de Marcelino assistia a liturgia católica clandestina.
     Pela posição na cidade, o pai de Marcelino conseguiu proteger a Igreja na sua área das piores conseqüências da Revolução. Marcelino era o nono de 10 filhos, e nos anos que crescia, três acontecimentos mudaram sua vida de maneira significativa e o formaram como Marista, educador, e fundador dos Irmãos Maristas.
     Numa ocasião, menino pequeno ainda, assistiu uma cena cruel quando um professor deu um nome a um aluno que ficou com ele e causou muita gozação dos outros da classe. Numa outra ocasião presenciou castigo físico exagerado que um professor infligiu a um aluno. E como padre foi chamado ao leito de um menino moribundo que não tinha nenhum conhecimento de Deus ou da fé.
     Destas experiências nasceram duas grandes convicções na vida de Marcelino: “Temos que ter Irmãos!” e “Nunca consigo ver uma criança sem dizer-lhe o quanto Deus a ama”. O relacionamento caloroso que Marcelino inspirava nos jovens Irmãos continua até hoje.

Extraido do livro Um certo caminho de Craig Larkin, sm – Tradução: Grace Ellul, sm

JEANNE-MARIE CHAVOIN

     Filha do campo, Jeanne-Marie Chavoin cresceu com pouca educação formal, mas com grande senso comum e bom juízo. A família Chavoin era muito unida, e a infância de Jeanne-Marie era segura e tranqüila, mesmo sendo os tempos da Revolução Francesa.  
     Pelo temperamento ela era extrovertida e a ação era para ela segunda natureza. Sendo a filha do alfaiate respeitado da aldeia (Théodore Chavoin), e acostumada a encontrar as pessoas na alfaiataria do pai, desenvolveu atitude aberta e amiga em relação ao povo. Ao mesmo tempo, Jeanne-Marie se sentiu instintivamente atraída a uma vida escondida de oração.  
     Nos anos de adolescência foi influenciada por um seminarista, Jean-Philibert Lefranc, que ia a Coutouvre nas férias. Ele a iniciou na vida de oração e ela se tornou membro da Associação do Amor Divino, um grupo fundado em 1806 por Lefranc para “favorecer uma vida de oração e obras de caridade de maneira escondida”.  
     Jeanne-Marie se sentia atraída para a vida religiosa e tinha sido convidada quatro vezes a entrar em congregações religiosas existentes, mas cada vez ela recusou: estava à procura de algo menos monástico. Jean-Philibert Lefranc lhe disse: “Deus não quer que você ingresse numa congregação existente, mas numa que vai ainda ser fundada”.  
     Foi convidada a Cerdon para conversar com Jean-Claude e Pierre Colin sobre o projeto Marista. Não temos relato do que passou, mas pelo jeito ela sabia imediatamente que era este o seu lugar, e antes do fim de 1817 ela e sua amiga Marie Jotillon chegaram a Cerdon para fundar sua parte do projeto Marista.  
     Com 31 anos de idade Joana Maria tinha uma maturidade espiritual e rapidamente captou a intuição de Jean-Claude Colin. Seu temperamento e ambiente onde cresceu, tão diferente do dele, a conduziram a chegar a outras conclusões desde esta intuição fundamental.
     Jean-Claude Colin via as irmãs mais enclausuradas ou semi-enclausuradas. Jeanne-Marie vislumbrava irmãs vivendo uma vida escondida no mundo, e no meio de atividade apostólica de muitos tipos. Esta diferença iria eventualmente levar a conflito dolorido e falta de entendimento entre os dois fundadores.


Extraido do livro Um certo caminho de Craig Larkin, sm – Tradução: Grace Ellul, sm