quarta-feira, 31 de março de 2010

ESCONDIDOS E DESCONHECIDOS

       
      Ao encontrarmos este tema pela primeira vez, poderíamos pensar que se trata da próxima Campanha da Fraternidade ou, talvez, algo relacionado com os pobres e esquecidos do mundo. Porém, ao sabermos que é uma proposta de uma congregação religiosa, uma congregação que tenta dar uma contribuição importante no trabalho de construção de um mundo e de uma Igreja mais cristã, poderíamos ter uma surpresa.
       Muitos acreditam que não seja possível ser “escondidos e desconhecidos” quando se quer desempenhar trabalhos para transformar o mundo. Mas não se pode ter em mente que “escondidos e desconhecidos” são atitudes de pessoas que não participam ativamente da vida cristã, pois este pensamento seria totalmente contrário do desafio proposto por Pe. Colin: “... usando as coisas do mundo como se não as usassem ; evitando, com persistência, em suas construções e residências, em seu estilo de vida e no seu trato com os outros, tudo o que sugira luxo, ostentação ou desejo de chamar atenção; desejosos de permanecerem desconhecidos e sujeitos a todos, sem engano ou astúcia; em uma palavra, agindo sempre com tão grande pobreza, humildade e modéstia, simplicidade de coração, e ausência de toda vaidade e ambição terrena e, mais ainda, combinando de tal forma o amor à solidão e ao silêncio e a prática de virtudes ocultas com obras de zelo que, enquanto devem assumir os vários ministérios através dos quais a salvação das almas possa ser promovida, eles possam também permanecer desconhecidos, e até mesmo ocultos, no mundo” (Constituições da Sociedade de Maria, nº 228).
       Esta dimensão foi inspirada no exemplo da Santa Virgem Maria, da qual se toma como modelo a ser seguido. Estando ela presente no meio dos discípulos, podemos notá-la muito ativa e, ao mesmo tempo, muito discreta. Não chamando atenção para si, mas servindo os outros com simplicidade e dedicação. Isto aparece claramente nas bodas de Caná da Galiléia (Jo 2,1-12). Sendo apenas mais uma das convidadas, poderia continuar se divertindo, mas demonstrando um grande amor para com os noivos, decide pedir ao seu filho para que os socorresse naquele momento. Escondida e desconhecida, mas longe de ser uma presença importante.
        Igual a Santa Virgem Maria, os Maristas devem, de modo simples e participativo viver no meio do povo, afastando-se do desejo de acreditarem que são superiores ao povo e de passarem esta idéia. Agindo desta forma, nutrirão um relacionamento de amizade e respeito, vivendo segundo o Evangelho e construindo o Reino de Deus.

Ir. Hamilton Lourenço Júnior, sm
(1976-2005)

quarta-feira, 24 de março de 2010

A ESPIRITUALIDADE MARISTA VIVIDA PELOS LEIGOS


É necessário ser irmão marista, irmã marista ou padre Marista para viver o carisma marista? Os fundadores dos Maristas responderiam não! Os Maristas de hoje também. O carisma marista é dom do Espírito Santo para Igreja sob o comando espiritual de Maria: “Desde as origens, o projeto Marista previu um ramo aberto, para os leigos. Em 1850, este ramo tomou uma feição particular e foi oficialmente reconhecido pela Santa Sé como “a Ordem Terceira de Maria”. No pensamento do Padre Colin, esse ramo devia ser uma associação muito ampla, acessível a todas as pessoas, de qualquer situação, idade ou condição. Ela pode assumir muitas formas e, onde for conveniente, pode até mesmo receber outro nome” (Constituições da Sociedade de Maria, n. 31).
Com certeza, a primeira preocupação dos Maristas é a de encorajar os leigos a responder corretamente a sua vocação e encontrar no seu estado de vida a alegria de seguir Cristo e servi-Lo no meio das tarefas seculares. Não é marista querer desviar alguém da sua caminhada de fé menosprezando a fonte da espiritualidade onde bebeu e que o sustenta. Seria pior entrar no jogo do tráfico de influência. Ao contrário, o carisma marista se comunica como o sorriso de uma pessoa alegre, por contágio. Reproduzir o carisma de nossos fundadores na vida para que aqueles que vêem um Marista viver, a deixa tocar pelo ensinamento contido nesta página do n. 228 das Constituições: “Finalmente, que eles (Maristas) aprendam dos primeiros Maristas a descobrir na presença de Maria em Nazaré e em Pentecostes, na Igreja primitiva e no fim dos tempos, o segredo da própria presença deles na Igreja e no mundo de hoje: uma presença atenta a Deus e ardente zelo, de tal modo que, enquanto fazem grandes coisas para o Senhor, possam permanecer desconhecidos e até mesmo ocultos no mundo. Este era o modo de Maria; assim é o trabalho de Maria. Isto se acha expresso para todos os Maristas nas palavras de Jean-Claude Colin: “Que eles sempre tenham em mente que pertencem, por uma gratuita escolha, à família da Bendita Maria, Mãe de Deus, de cujo nome procede seu nome de Maristas, e a quem escolheram, desde o principio, como seu modelo e sua primeira e perpétua Superiora. Se, portanto, eles são e desejam ser verdadeiros filhos desta querida Mãe, é preciso que se esforcem constantemente por respirar seu espírito: um espírito de humildade, de renúncia de si mesmos, de íntima união com Deus, e o mais ardente amor ao próximo. Assim eles devem pensar como Maria, julgar como Maria, sentir e agir como Maria em todas as coisas, pois, do contrário, eles se tornarão filhos indignos e degenerados”.
Considerando as linhas fortes da nossa espiritualidade, percebo que elas encerram o caminho pelo qual Deus nos chama a ser Maristas continuamente. Quando o carisma é vivido com intensidade, ele atrai, convence e converte de tal modo que a pessoa tocada não pode mais viver uma vida diferente. Certamente que de todos os Fundadores Maristas, Jean-Claude Colin, 1790-1875 (Irmãos e Padres), Joseph Benoît Marcellin Champagnat, 1789-1840 (Irmãos das Escolas), Jeanne-Marie Chavoin, 1786-1858 (Irmãs Maristas) e Marie-Françoise Perroton, 1796-1873 (Irmãs Missionárias da Sociedade de Maria), o mais conhecido é São Marcelino Champagnat porque os Irmãos Maristas têm métodos de divulgação maior em termo da fundação. Todos os Fundadores são conterrâneos e nasceram entre 1786-1796. Porém a figura de Maria domina fortemente os 4 ramos. A alegria será grande se os leigos e leigas brasileiros ao lado dos Padres Maristas brasileiros encarnassem o carisma marista para melhor implantar a Sociedade de Maria nesta terra da santa Cruz. Marcelino Champagnat dizia que para quem acredita, tudo é possível parafraseando o Anjo a Maria: “Para Deus, com efeito, nada é impossível. Disse, Maria: “Eu sou a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!”(Lc 1, 37-38).

Pe. Sylvestre Mulangwa, sm

quarta-feira, 17 de março de 2010

COM MARIA


Com Maria, a Igreja parte ao encontro da vida.
Visita às mulheres e aos homens e, mais além
das esterilidades aparentes, está atenta ao que nasce,
ao que é possível, à vida que palpita neles.

Com Maria, a Igreja habita em Nazaré, no silêncio e na simplicidade.
Sua casa se parece com todas as outras.
Ela fala com os habitantes da aldeia. Chora e se alegra com eles.
E sobretudo escuta.

Com Maria, a Igreja permanece ao pé da Cruz.
Não se refugia em uma capela ou no silêncio prudente,
quando os homens são esmagados.
Se expõe, e tanto em seus atos como em suas palavras,
com humilde coragem se põe ao lado dos pequenos.

Com Maria, a Igreja deixa entrar o vento de Pentecostes,
o vento que empurra para fora e solta as línguas,
e no lugar público toma a palavra.
Porém eis aqui o grande segredo que somente ela pode sussurrar:
para obter a vitória, Deus depôs as armas.

Pe. François Marc, sm