Neste mês de setembro, há uma festa mariana chamada de “Santo Nome de Maria”. Para nós Maristas ( da Sociedade de Maria), ela se tornou uma festa patronal. Na Igreja, a data lembra a vitória dos Católicos da Europa sobre os muçulmanos Turcos no século XVI. Eles invocavam o Nome de Maria em suas resistências e lutas para defender a fé cristã católica. Muitas vezes, a festa foi suprimida e restaurada pelos papas. Fazer o quê, é questão mais de sensibilidade religiosa do que de fé. O que me chama a atenção desta festa é o significado do nome na cultura hebraica.
O Nome evoca a “identidade”, a “filiação” e o “projeto” de vida. Um judeu (judia) não podia dar ou receber um nome de qualquer jeito. O Nome projetava o perfil da pessoa. Contrário à nossa mentalidade moderna em que a criança pode ser chamada de “Chocolate, Skol, Massa, Pipa, Fifa, ...” enquanto a cachorrinha de “Matilde, Amaral, Aimé ou Linda”. Os nomes bíblicos nos inspiram respeito em razão dos três evocações ou significados. Por exemplo, Eva é a mãe dos vivos; Adão, é dom da terra; Rafael, Deus cura; Gabriel, força de Deus; ... Maria (Miriam), aquela que educa, exalta, eleva, a Bendita, etc.
Em Mateus 1, 16, lemos: “Jacó gerou José, o esposo de Maria da qual nasceu Jesus chamado Cristo”. Jesus significa Deus salve e Cristo, o Ungido. Este como Messias tem sua filiação natural pela Maria e divina pelo Espírito Santo: “O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo vai te cobrir a sua sombra; por isso o Santo que nascer será chamado Filho de Deus. Ele reinara na casa de Jacó para sempre, e o seu reinado não terá fim”(Lc 1, 35. 33).
Lucas nos apresenta a partir dos nomes a identidade de Jesus, sua filiação humana e divina, e também sua missão (seu projeto): reino eterno e salvação do mundo.
Os Maristas se acham, com razão, ligados ao Santo Nome de Maria: “Em 23 de julho de 1816, no Santuário de Nossa Senhora de Fouvière, em Lyon, doze sacerdotes e seminaristas se comprometeram a fundar uma Congregação que levasse o nome de Maria...convencidos de que estavam respondendo a um desejo da Mãe de Misericórdia, desejo que encontrou expressão para eles nas seguintes palavras: ‘Eu fui o sustentáculo da Igreja nascente; eu o serei ainda no fim das tempos’... Desde então, os Maristas evocam e entesouram as palavras com que o seu Fundador (João Cláudio Colin) expressou a ligação entre o nome da Sociedade e seus objetivos... O próprio nome já indica sob qual bandeira ela deseja servir, ao travar os combates do Senhor, e qual deve ser o seu espírito” (Constituições da Sociedade de Maria, Padres e irmãos Maristas, números: 2 e 7). Precisam também que os Maristas sejam não apenas coerentes, mas sobretudo, inflamados pelas virtudes da Mãe de Deus: humildade, obediência, abnegação de si e mútua caridade e o amor divino (cf. Const. n. 7, 1).
Se Maria escolheu uma Sociedade para transformá-la em família, em corpo social, diria eu, dando-lhe um nome, é no intuito , através deste corpo, tornar o “Corpo do Cristo” presente no mundo com as energias de fé, do amor e da esperança a exemplo da Igreja primitiva composta dos Apóstolos, discípulos e discípulas. Os homens e as mulheres que Maria chama hoje e que partilham o carisma marista são todos envidados para cumprir a mesma missão que os padres e irmãos carregam, e também o modo de fazê-la, buscando na Igreja primitiva as novas inspirações. Nosso mundo de hoje os espera, e eles devem dar sua contribuição para implantar uma Igreja mariana onde a mesa de Cristo é servida a todos e, em predileção (preferência), aos mais necessitados. Com Maria chega o cumprimento da esperança dos pobres e abandonados, mal acolhidos e excluídos, marginalizados e esquecidos porque ela é, providencialmente, unida à plenitude dos tempos( cf, Gal 4, 40). Maria é gente e peregrina com simplicidade e amor no meio do povo. Os Maristas -novos e anciãos- tornarão o Mundo, a casa de coração e de oração na medida que eles contemplam Maria como discípula, na expressão de São Lucas, segundo qual “Maria guardava tudo no coração”(Lc 2, 51). Hoje faltam certamente, o otimismo, o amor e a coragem nos Maristas. Os leigos e leigas podem também estimular e completar o que não foi feito ainda colaborando com os Padres e Irmãos na sua missão sempre urgente e atual: pensar, julgar, sentir e agir como Maria hoje . Será que Maristas, chamados “compassionalmente” a centralizar suas vidas em Cristo, poderíamos cultivar a espiritualidade do discipulado missionário?(ler o Documento de Aparecida). Inspirados por Maria, façamos da vida do povo um espaço privilegiado para o encontro com Deus, além de nossas capelas ou oratórios. A caixa da herança está aberta para suscitar as vocações diferentes e complementares. Entendi assim os apelos dos Padres Gerais nas últimas administrações.
Caros leitores, pensam nos Maristas no dia 12 de setembro na sua oração. Essa é a melhor parte e presente para eles.
Pe. Sylvestre Sangala, sm
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